Bruna Marquezine se ‘fantasia’ de enfermeira no halloween e é criticada pelo Coren-SP e Cofen
A artista Bruna Marquezine decidiu ir a uma festa de halloween no domingo (31/10) fantasiada de enfermeira, mas isso não agradou os profissionais da categoria, em especial as mulheres. Muito menos o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), que emitiu nota criticando a atitude da atriz e sua infeliz escolha de look para a ocasião.
“Repudiamos veementemente essa conduta, pois ela incentiva a sexualização de uma categoria que há décadas luta por valorização e respeito. São trabalhadoras que enfrentam sucessivas jornadas de trabalho, em seus lares e no cotidiano profissional e que não merecem ou devem ser estereotipadas dessa forma”, afirma o Coren.
Em nota, o Coren explica que fantasias de enfermeira desvalorizam o profissionalismo da enfermagem. Além de ser uma categoria predominantemente feminina, com mais de 80% de profissionais mulheres, atitudes como essa reforçam os impactos de desigualdades de gênero, incluindo episódios de violência e assédio.
“O Coren-SP defende que todo o humor e diversão são válidos desde que não prejudiquem ou provoquem qualquer impacto negativo na vida do próximo. Por isso faz um apelo à sociedade e aos formadores de opinião: respeitem e valorizem as mulheres da enfermagem.”
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) também se manifestou contra o episódio protagonizado por Bruna Marquezine e emitiu uma nota oficial sobre a erotização da enfermagem como desserviço às mulheres.
“Enfermeiras são mulheres trabalhadoras que enfrentam longas jornadas de trabalho e recebem salários incompatíveis com o relevante serviço que prestam à sociedade brasileira. São profissionais que estão 24 horas por dia na beira do leito, ajudando a salvar a vida de pacientes por meio de um trabalho técnico, sério e dedicado. Como se não bastasse a difícil realidade que enfrentam, a maioria dessas mulheres é obrigada a lidar com piadas machistas, cantadas nojentas e abordagens grotescas por parte de assediadores e abusadores que, não raramente, partem para o abuso e a violência sexual”, diz o Cofen.
Em nota, o Conselho aponta que no Brasil existem 2,5 milhões de profissionais da enfermagem, e deste total 85% são mulheres e, praticamente, todas elas têm histórias envolvendo assédio moral ou sexual para contar.
“Definitivamente, sexualizar a profissão não é a resposta que a Enfermagem espera da classe artística, principalmente, depois de todo o serviço que foi prestado no combate à pandemia da Covid-19. Como uma mulher que, certamente, já sofreu assédio sexual no trabalho, esperamos que Bruna reconheça o erro e peça desculpas à categoria. A atriz pode contribuir muito na luta contra o assédio sexual e a violência de gênero que é praticada contra as trabalhadoras da saúde.”, afirma o Conselho.
Leia a nota oficial na íntegra.
Bruna Marquezine se pronuncia
Por meio de seu perfil no Twitter, Bruna Marquezine se pronunciou sobre o fato que obteve grande repercussão desde domingo.
“A todos as profissionais de enfermagem friso aqui meu total respeito à categoria. Eu as vejo como heroínas. Jamais seria minha intenção causar qualquer desvalorização à classe na escolha de uma fantasia de Halloween”, diz em um trecho do post.
A artista ressalta que tem total ciência sobre seu alcance e poder de influência, que essa luta é legítima e que ela batalha para que as mulheres tenham liberdade e respeito em todos os ambientes profissionais e pessoais que estiverem.
“Lamento não ter tido o conhecimento sobre esse tema antes, mas que essa discussão sirva verdadeiramente como oportunidade de aprendizado e transformação.”
Deixe um comentário