Redes sociais: Enfermeira de Maringá dá aula de cidadania a médico que ofendeu a classe de Enfermagem no Facebook
A enfermeira, Geisa Luz de Maringá (PR), fez uma carta pública em resposta a postagem ofensiva do médico Cassius Frigulha, da cidade de Toledo. Apaixonada pela profissão, a enfermeira deu uma aula de cidadania, ao relatar momentos que viveu junto aos seus pacientes.
A repercussão do caso na mídia e nas redes sociais, chamou a atenção do Cofen. O órgão entrou com uma denúncia de Desagravo Público contra Cassius, que após receber inúmeras críticas, postou uma nota de retratação em seu perfil no Facebook, que não convenceu ninguém.
A resposta de Geisa ao médico foi perfeita, um tapa na cara daqueles que se acham superiores, tipos como o Dr. Cassius que acreditam ser Deus, apenas porque tem um diploma de medicina. A carta viralizou na internet por representar o sentimento de grande parte dos milhões de enfermeiros espalhados pelo Brasil.
Leia agora na integra a carta da Enfermeira de Maringá:
Senhor Dr. Cassius,
Fiz o curso de Enfermagem e nunca pensei que seria menos, por essa escolha.
Estudei 4 anos de graduação (INTEGRAL), dois de especialização, dois de mestrado, quatro de doutorado e mais um de pós-doutorado. Estudei pouco? Ainda preciso muito mais. Estudo todos os dias. Não sou menos nem mais que meus colegas de profissão, somos uma equipe. Aprendemos um com o outro.
Sobre intubar, prescrever, diagnosticar e tratar, é uma área médica que sempre vamos admirar por toda dedicação e anos de estudo que vocês médicos possuem. Eu conheço centenas deles, dedicam suas vidas para salvar outras. Terão sempre o nosso respeito!
Sabe o que é frustração?
Frustração, é um profissional de saúde ir trabalhar e não ter o mínimo de condições de trabalho.
É ver meus colegas trabalharem (6h, 12h, 24h) em dois ou três empregos para conseguirem manter uma família.
Frustração é ver o corredor de um hospital repleto de pacientes engavetados, por falta de leito hospitalar.
Sabe Dr. Cassius, eu trabalho com pessoas com doenças raras e a minha maior frustração hoje, é assistir a morte deles todos os dias por falta de medicamento.
Ah …
No meu curso de graduação, eu também aprendi higienizar o paciente. Uma vez, eu cheguei no quarto do paciente (cerca de 70 anos) ele tinha câncer no pescoço e o cheiro estava realmente muito forte. Ele me disse que recebia poucas visitas da família e ficava muito sozinho. Então, conversando com ele… iniciei a higienização (essa é a terminologia, ok?). Auxiliei no banho, fiz a barba, o curativo, cortei as unhas e cortei o cabelo também. Quando me despedi, ele sorriu!Talvez, ele tivesse só mais alguns dias de vida …
Nos momentos de higienização, conseguimos identificar sinais e sintomas importantes que podem auxiliar a conduta médica. Muito longe de fazer um diagnóstico e sim um trabalho em equipe.
Sobre “dar ordens” , temos uma disciplina denominada Administração em Enfermagem ou gestão em saúde pública. O Brasil, é um dos poucos países que forma o enfermeiro para ser líder de equipe. Ele é habilitado para fazer gestão de uma enfermaria, um hospital ou um município. Aliás, entre os profissionais de saúde, é o mais preparado sim. Tenho muitos ex alunos trabalhando como secretários de saúde, e desempenham com excelência o seu papel. A relação está muito longe de “dar ordens”, mas sim em dominar o assunto e organizar o cuidado ao paciente ou serviço de saúde. Brigamos pelo paciente, pois conhecemos os pormenores na vida de cada um deles.
Sou grata pela minha profissão e pela existência de cerca de 1.480.653 enfermeiros que cuidam do Brasil.
Enfermeira Geisa Luz
Maringá – Paraná
Enfermeiros recuperam direito de requisitar exames
No último dia 18, de outubro, a decisão liminar da Justiça Federal que suspendeu, por 15 dias, o direito dos enfermeiros requisitar exames na Atenção Básica foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal 1ª Região.
A Enfermagem venceu essa batalha, e a solicitação de exames de rotina e complementares, uma realidade no Brasil desde 1997, com a publicação da Resolução 195/97, foi restaurada. Isso aconteceu graças a milhares de enfermeiros que assim como a Geisa Luz, se manifestaram nas redes e também aqueles que se vestiram de preto e foram nas ruas levantar o movimento Enfermagem de Luto.
O que mais chamou a atenção em todas estas manifestações, além da união da classe (fato raro), foi que os enfermeiros não levantaram apenas a bandeira de que esse era um direito seu e ponto. Os enfermeiros não estavam lutando apenas pelo direito de exercer a sua profissão, eles lutaram e clamaram pelo direito da população e apontaram os problemas, que tal liminar absurda, traria para os diversos pacientes atendidos pelos programas de saúde que se tornariam inviáveis devido a essa restrição. Foi uma linda lição de compaixão e humanidade para as demais classes de profissionais que vêem o trabalho com os pacientes apenas uma forma de ganhar dinheiro.
Esses fatos só nos mostram que a união faz a força sim e que agora é a hora dos diversos enfermeiros que desejam
trabalhar com saúde e estética, se manifestarem em favor da Enfermagem Estética, a classe merece mais essa vitória.
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Vejo a enfermagem como umas das profissões mais completas. No meu curso de 4 anos na Universidade Federal de Góias, aprendi que no trabalho meu UNIVERSO é a pessoa que está aos meus cuidados e isso envolve desde o emocional ao físico, incluindo o seu habitat. Nunca pensamos no indivíduo como um doente e sim nos fatores que o adoeceram. Cuidamos de gente e não de fragmentos. Somos a única profissão que cuida de forma holística 24 horas.
Excelente comentário, Maria. Assinamos embaixo!!